Santa Teresa e sua aventura vocacional
Santa Teresa de Jesus, desde a sua infância, gostava de brincar em sua casa, numa horta, com seu irmão. Brincavam que eram eremitas e para isso faziam ermidas, amontoando pedregulhos, que logo vinham abaixo. Pelo grande desejo que tinham do céu, combinavam em ir para a terra de mouros e assim alcançar o martírio. Chegando um dia a sair com seu irmão a fim de realizar este desejo, foi impedida por seu tio que os encontrou e os levou novamente para casa. Também brincava com outras meninas de fazer mosteiros, como se fossem monjas.
Foi neste mosteiro que Santa Teresa conheceu uma monja que muito a tocou com o testemunho de sua vocação. Esta monja contava para ela que sentiu o chamado para ser monja após ler as palavras: “Muitos são os chamados e poucos os escolhidos”, e também lhe falava sobre a recompensa dada pelo Senhor a quem deixa tudo por Ele. Foi através desta boa amizade que Santa Teresa foi superando sua grande aversão em ser monja.
Ao final do tempo em que ali esteve, ela aceitava com mais tranqüilidade a condição de ser monja, mas ainda não tinha a determinação de sê-lo, mas encomendava-se a Deus pedindo que sua vocação não fosse ser monja, embora ela temesse o casamento. Seu desejo de ser monja solidificou após meditar sobre a realidade do inferno, do purgatório, de que tudo se acaba. E apesar de sua vontade de ser monja não ser total, percebeu que essa era a condição melhor e mais segura, e assim, aos poucos, dedidiu como ela mesma diz: “forçar-me a abraçá-la”.
Após três meses nesta batalha, lutando consigo mesma, ela entrou no mosteiro da Encarnação em Ávila. Após as grandes dificuldades que teve que enfrentar, Santa Teresa nos conta que: “tive tal alegria de ter abraçado aquele estado que até hoje permaneço com ela. Deus transformou a aridez que tinha a minha alma em magnífica ternura. As observancias da vida religiosa eram um deleite para mim; na verdade, nas vezes em que varria, em horários que antes dedicava a divertimentos e vaidades, me vinha uma estranha felicidade não sei de onde, diante da lembrança de estar livre de tudo aquilo. (V 4,2).